o desafio das nossas escolas

segunda-feira, 26 de março de 2012

O que que a Política Nacional tem???


Segue nosso humilde resumo da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclisiva 

I- Apresentação:
A educação inclusiva compõe um paradigma fundamentado na concepção de direitos humanos no qual igualdade e a diferença são tidos como valores indissociáveis. Apresenta a necessidade de criar práticas alternativas para superar as práticas discriminatórias ainda presentes nos sistemas de ensino. Dessa forma, procura referências de sistemas educacionais inclusivos para repensar as escolas e classes especiais visando o atendimento das especificidades de todos os alunos. O documento estudado, portanto – Política nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – visa constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos.

II – Marcos Históricos:
A escola se caracterizou historicamente como uma instituição que privilegiou determinados grupos, seus mecanismos de exclusão foram legitimados nas políticas e práticas educacionais que reproduziam a ordem social. Com o processo de redemocratização surge também um paradoxo: inclusão x exclusão. Ou seja, apesar de universalizar o ensino a escola continuou sendo um espaço de homogeneização no qual que não se “encaixava” era excluído.
A visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania colaboraram no avanço dessa questão através da identificação desses mecanismos e processos de hierarquização que operam na regulação e produção das desigualdades e explicitando os processos normativos que distinguem os alunos.
No entanto, a educação especial organizou-se tradicionalmente como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum organização essa que se fundamentou no conceito de normalidade/anormalidade.
Apesar dos avanços legais que apontaram o direito das pessoas com deficiência à educação, até a Lei nº 5692/71 não se pensou em um sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais especiais incentivando esse atendimento em classes e escolas especiais. E posteriormente, com o avanço da legislação o documento aponta: “As diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento educacional especializado complementar ou suplementar a escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializa a adoção de uma política de educação inclusiva na rede pública de ensino prevista em seu artigo 2º.” (s/p. grifo nosso).
A partir da Convenção de Guatemala, em 1999, muitas coisas foram repensadas e reelaboradas no plano legal com relação a educação especial, prova disso pode ser encontrada por exemplo no Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade (2003), do Ministério da Educação, que visa transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos; O documento O Acesso de alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular (2004), do Ministério Público Federal, com o objetivo de disseminar “os conceitos e diretrizes mundiais para inclusão”; A convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência, sobre a qual já nos dedicamos a estudar, bem como o projeto lançado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da justiça juntamente com a Unesco,  em 2006, chamado Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Neles podemos perceber uma maior busca pela igualdade de direitos e acesso das pessoas com necessidades especiais integrada no sistema regular de ensino.

 III – Diagnóstico da Educação Especial

O Censo Escolar/MEC/INEP é um instrumento que acompanha vários fatores das instituições escolares inclusive com relação a educação especial. A partir de 2004 ele foi modificado incorporando a atualização dos conceitos e terminologias de forma a criar indicadores acerca da qualidade da educação.
Dentre os dados coletados é possível perceber através do Censo Escolar de 2006 que na educação especial de 1998 para 2006 houve uma evolução de 107% no número de matrículas e, em classes comuns, esse aumento foi de 640%. Em escolas públicas o crescimento foi de 146%  fator atribuído ao desenvolvimento de políticas públicas.
Com relação aos dados de 2006, na educação infantil as matrículas correspondem a 16% do total, sendo que 89.083 alunos se encontram em classes especiais e 24.005 em turmas comuns o que contraria estudos que apontam que a convivência e a aprendizagem das crianças com e sem deficiência são beneficiadas pela convivência nesses primeiros anos de vida. Quanto à educação superior o Censo aponta um crescimento entre 2003 e 2005, mas aponta ainda a exclusão educacional e social principalmente das pessoas com deficiência da educação superior.
Também com relação ao indicador de acessibilidade arquitetônica em prédios escolares o censo aponta um avanço a passos lentos.
A qualificação profissional do professor que atua na educação especial também apresentaou melhoras.

IV – Objetivo da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

Assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.

V – Alunos atendidos pela Educação Especial

A partir do princípios suscitados pela Declaração de Salamanca de que a escola regular deve educar a todos os alunos, desenvolve-se uma perspectiva da educação inclusiva  para a qual a educação especial deve  passar a constituir a proposta pedagógica da escola, definindo como seu público-alvo os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos.
Passa a considerar-se alunos com deficiência àqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade.
Ressalta-se a importância de ambientes heterogêneos que promovam a aprendizagem de todos os alunos o que exige uma atuação pedagógica voltada para alterar a situação de exclusão uma vez que se considera que as pessoas se modificam continuamente promovendo a transformação do contexto no qual se inserem.

VI - Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular.
O atendimento educacional especializado identifica tem a função de eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. Deve ser organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional. Além disso, deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum não sendo substitutivo à escolarização, mas complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.
A inclusão escolar tem início na educação infantil.
Na modalidade de educação de jovens e adultos e educação profissional, as ações da educação especial possibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo do trabalho e efetiva participação social.
A interface da educação especial na educação indígena, do campo e quilombola deve assegurar que os recursos, serviços e atendimento educacional especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos.
Na educação superior, a transversalidade da educação especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos.
Para a inclusão dos alunos surdos, nas escolas comuns, a educação bilíngüe - Língua Portuguesa/LIBRAS, desenvolve o ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade escrita para alunos surdos, o aluno surdo deve estar com outros pares surdos em turmas comuns na escola regular.
O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros.
Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete, bem como de monitor ou cuidador aos alunos com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomoção, entre outras que exijam auxílio constante no cotidiano escolar.
Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área.
Esta formação deve contemplar conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, os atendimentos de saúde, a promoção de ações de assistência social, trabalho e justiça. 

Grupo: Fabíola, Laura e Rafael

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