o desafio das nossas escolas

sexta-feira, 9 de março de 2012

Preconceito: o fruto da ignorância

O filme mostrado na aula do dia 06 de março me fez lembrar de dois fatos que ocorreram na minha vida:

1.  Sou aluna do último semestre de licenciatura do curso de matemática da Unesp de Rio Claro e em 2011 realizei estagio em um colégio público da cidade. Durante o  período de estágio presenciei situações tristes de discriminação, praticada por pessoas idôneas, porém, despreparadas para lidar com as diferenças. Eu trabalhei como auxiliar de um professor de matemática que me pediu que o ajudasse com um aluno, que segundo ele, era  "incapaz de aprender". Tratava-se de um garoto muito tímido e extremamente inseguro que estudava no colégio desde a primeira série. Todos o conheciam, mas ele estava sempre sozinho. Era discriminado e rotulado por todos, inclusive pela diretora do colégio, que me contou a sua história, como que justificando o fato dele ser tratado como incapaz. Ela dizia: "não se pode exigir muito dele, pois ele tem muitas limitações e depois de certo estágio ele não conseguirá mais evoluir". 
Trabalhei matemática com esse aluno durante um semestre e senti nele significativas melhoras. Ele tinha duvidas básicas em matemática, mas isso seus colegas de turma também tinham. O professor achava que os outros alunos que tinham dificuldades na matéria, não aprendiam porque eram bagunceiros, e no caso dele, a dificuldade seria por causa de uma possível deficiência. Eu pensava diferente, eu enxerguei neste aluno um grande diferencial que era uma vontade imensa de aprender. Esse aluno me cativou muito com seu jeito carente, doce e interessado. Eu acredito que o rotulo de "aluno limitado" veio mais em função da sua dificuldade de relacionamento do que propriamente da sua dificuldade de aprender. Eu acho que desistiram dele muito antes de tentarem.  Acredito, também, que as nossas limitações podem ser superadas pela nossa vontade de aprender tudo o que realmente queremos.

2. De uma forma um pouco diferente, assim como este aluno eu também sofri discriminação na escola. Entrei na primeira série de um colégio particular, sem saber ler e escrever e todos os outros alunos da minha turma já estavam alfabetizados.  Eu, em pouco tempo levei o rótulo de "burrinha da sala". A professora não soube lidar com esta situação e ao invés de me ajudar, optou pelo caminho mais fácil, pediu para meus pais me matricularem no infantil. Eles não fizeram isso porque entenderam que esta atitude iria acabar com a minha alta estima e, daí sim, eu teria motivos para acreditar que realmente não tinha capacidade para aprender e acompanhar o resto da sala.

Acredito que todos têm condições de aprender e por isso não devemos nunca rotular alguém por sua aparência, dificuldade ou deficiência. Somos todos diferentes e temos dificuldades distintas e justamente por isso não devemos nivelar a sala, uniformizar os alunos e identifica-los por números. Fica aqui um pouco de minha história.

Em 09/03/2012 11:44, Andrea Ferreira Faccioni

2 comentários:

  1. Assim como você também vivi um cenário assim como no ítem 1. É muito mais fácil rotular um aluno do que perceber que talvez os métodos estejam ultrapassados, entender que talvez seja necessário um estudo maior do caso, compreender que as diferenças devem ser valorizadas( no sentido de que sendo diferente pode acrescentar algo aquilo que já está posto).
    Um ambiente difrente nos coloca em movimento, pelo menos de estranhamento. Assim são as pessoas difrentes, elas nos movem, nos acrescentam, nos formam, todas elas.

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  2. Penso que boa parte desses casos em que os alunos são rotulados por não acompanharem o rendimento "normal" da turma se deva a própria estrutura da escola que impõe um rítimo único e avaliações padronizadas para aferir os "sucessos". Não há tempo e espaço para as diferenças.
    Acredito que seja uma grande tarefa para nós, futuros educadores, superarmos e lutarmos contra esses movimentos homogeneizadores. Tarefa difícil mas necessária.

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